sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A emulação e a pedagogia da Companhia de Jesus

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Artigo publicado, em duas partes, pelo docente José Manuel Martins Lopes sobre a importância e o significado da emulação na actual pedagogia dos jesuítas - "A emulação e a pedagogia da Companhia de Jesus - I" in «Brotéria» 179-2/3 (2014) 155-173; - II in «Brotéria» 179-4 (2014) 253-267.

Resumo

A emulação é uma estratégia pedagógica que muitos e bons resultados deu ao longo da História da pedagogia. Os jesuítas, percebendo as suas vantagens e tendo em conta os seus aspetos mais ambíguos, institucionalizaram-na e consagraram-na na sua prática pedagógica, sobretudo através das suas Constituições da Companhia de Jesus (SIL 1997) e da Ratio Studiorum (RS 2009).
É verdade que a emulação, se mal gerida, pode contribuir para uma competitividade perniciosa e levar à de-formação e des-educação de jovens que estão num processo de crescimento como pessoas e futuros cidadãos responsáveis pela vida da Polis. Todavia, a emulação, se bem orientada, tem virtualidades que não podem deixar indiferente um educador. Os jesuítas, na sua pedagogia, souberam aproveitar dela todas as suas potencialidades com o objetivo de educarem o aluno na dupla vertente da virtus et litterae. A santa emulação é um caminho seguro para uma sã e edificante aprendizagem.
Este trabalho visa re-propor um conceito e instrumento pedagógico, o de emulação, esquecido, mas meritório de ser re-integrado no panorama pedagógico contemporâneo.

Palavras-chave: emulação; competitividade; competição; disputas; magis; virtude.

Outras publicações recentes do corpo docente.

Um possível sentido para a vida – uma proposta educativa

 Artigo publicado pelo docente José Manuel Martins Lopes em dois fascículos da Revista "Brotéria", sobre a questão fundamental da educação, a procura e o encontro de um sentido para a vida - Um possível sentido para a vida – uma proposta educativa – I, in «Brotéria» 177-2/3 (2013) 155-170; II, in «Brotéria» 177-4 (2013) 275-292.

Resumo

            Todo o ser humano, no seu processo de personalização, procura algo que está na base e é o pressuposto da sua motivação de viver: o sentido para a sua vida. Todavia, este sentido exige da parte de todo o ser humano uma dupla atitude: procura e encontro. Quer a procura, quer o encontro, requerem que a pessoa se torne sujeito ativo da construção da sua vida. A educação é um tesouro que nos pode ajudar a ter a atitude correta perante a vida, porque nos possibilita o abrir de horizontes necessários para nos irmos aproximando do ser, do sentido da nossa vida.
            A palavra educação, hoje em dia, está muito na moda. Toda a gente, por tudo e por nada, fala de educação e de muitas outras expressões que com ela fazem crer em erudição, em favor de quem as utiliza... Nós, neste trabalho, procurámos associar a palavra educação àquilo a que julgamos dever estar mais ligada: ao sentido da nossa vida. As nossas escolas limitam-se a ser antros de ciência, de saber, tantas vezes desfasadas da realidade, e esqueceram-se de algo tão essencial, como o ser e a sabedoria. Por isso, muitos alunos que terminam a sua formação académica são pessoas “mal-educadas” e destruidoras de humanidade, o contrário, precisamente, para o qual deve apontar o ato de educar. Esta constatação é evidente desde os gregos clássicos. Kant reiterou-o. Outros filósofos seguiram também nesta linha. A Igreja nunca o esqueceu.


Palavras-chave: educação; arte e educação; educação e verdade; educação e humanização; educação e liberdade de ensinar e de aprender; educação e compromisso; educação e elevação moral.

O desejo, esse desconhecido...

Artigo publicado pelo docente José Manuel Martins Lopes sobre a natureza do desejo na sua raiz antropológica e finalidades soteriológicas – “O desejo, esse desconhecido…”, in GONÇALVES Miguel; Carlos Bizarro MORAIS; José Manuel Martins LOPES (Orgs.), Sexualidade e educação para a felicidade, Colecção “Estudos Sociais”, Publicações da Faculdade de Filosofia - Universidade Católica Portuguesa, Braga, 2010, pp. 171-195.

Resumo

O desejo acompanha-nos, faz-nos felizes, mas também nos faz sofrer, liberta-nos, mas também nos oprime, pacifica-nos, mas também nos desestabiliza, sacia-nos, mas também nos torna famintos...
Que é o desejo? Como devemos lidar com ele? O desejo pode ajudar o homem a crescer como pessoa?
Este trabalho tenta responder a estas perguntas. Dividimo-lo em duas partes: a primeira procura encontrar uma possível identidade do desejo; a segunda, mais teológica, faz um estudo do desejo na Bíblia.
O problema do desejo estará sempre ligado a uma perspectiva antropológica. A ideia de homem condicionará, necessariamente, a perspectiva do olhar que cada um terá sobre o desejo.
O desejo poderá ser mais um motivo educativo para a redenção do homem ou, numa visão pessimista, um motivo para a sua perdição. Defendemos neste estudo que o desejo pode e deve ser um caminho para a salvação do homem, salvação esta que, para nós, passa, necessariamente, por um Deus Criador e Redentor.

Palavras-chave: Desejo, liberdade, educação do desejo, educação para a liberdade.

Outras publicações recentes do corpo docente.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Pensar o silêncio e a incomunicabilidade num romance de Lídia Jorge

A escritora Lídia Jorge (Algarve, 1946) é hoje, inquestionavelmente, uma voz singular e reconhecida no panorama da literatura portuguesa contemporânea. Comprovam-no a receptividade do público e da crítica; as repetidas edições das suas obras; as traduções para outras línguas; as teses e os ensaios académicos que se vão apresentando sobre os seus textos em vários países; os prémios nacionais e internacionais que têm distinguido a sua obra; e ainda os volumes monográficos que se debruçam sobre a sua criação literária – por exemplo, o dossiê temático na prestigiada revista norte-americana Portuguese Literary and Culture Studies, 2, 1999; ou o volume colectivo Para um Leitor Ignorado (Ensaios sobre a ficção de Lídia Jorge), Ana  Paula Ferreira (org,), Texto Editora, 2009.
Recentemente, Maria da Conceição da Silva Brandão apresentou-se em provas públicas de mestrado, na Universidade de Aveiro, com uma dissertação intitulada Formas de Silêncio em “Combateremos a Sombra”, de Lídia Jorge. Apreciado muito positivamente pelo júri académico, esse trabalho vê-se agora publicado sob forma impressa, alargando assim o seu público leitor potencial.
Neste livro de Maria da Conceição da Silva Brandão, estamos perante um trabalho de análise literária que não esconde o empático entusiasmo perante a obra ficcional de Lídia Jorge. Centrando o seu discurso crítico no romance Combateremos a Sombra (2007), apresenta desde logo a qualidade do conhecimento e das relações pertinentes com outras obras da escritora. Sobretudo, revela a coragem de abordar um tema complexo, mas profundamente actual: a existência de uma gramática do silêncio na vida social contemporânea.
De facto, apoiada numa bibliografia teórico-crítica pertinente, este estudo de Maria da Conceição da Silva Brandão debruça-se, ao longo de alguns capítulos breves, sobre as várias “formas de silêncio” com que também se constroem (ou destroem) as relações humanas. O mencionado romance de Lídia Jorge proporciona uma reflexão sobre a dialéctica entre a escrita (ou a voz) e o silêncio contra a hipercultura da pressa e do ruído, típica de uma acelerada “cultura da comunicação”.
No passado como no presente, a literatura sempre se constituiu como uma forma ímpar e indispensável de dizer o indizível e de expressar o silêncio; e até de decifrar os silêncios legalizados pelas sociedades democráticas. Por outras palavras, a abordagem do tema em questão pressupõe o questionamento do tema da linguagem e da in-comunicabilidade – entre outros tópicos –, pois a palavra é, e sempre foi, uma forma de poder, com mais ou menos constrangimentos.
Ao mesmo tempo, num mundo doente de várias patologias, pode a verbalização, por exemplo, através da psicanálise, constituir uma forma de libertação terapêutica? No plano individual e colectivo, o conhecimento do mundo, a autognose e a própria busca de sentido para a existência humana são indissociáveis da palavra, da linguagem e da narrativa. Mesmo salvaguardando certos mistérios indecifráveis da mente humana; ou os excessos entre o mutismo e a verbosidade.

Como nos adverte Boaventura Sousa Santos, o retorno ao interior do ser humano, à redescoberta do indivíduo e à centralidade do mundo interior, pode ser visto como um dos traços da sociedade pós-moderna. Aliás, não será por acaso que certa narrativa literária actual volta a explorar diversos meandros do mundo labiríntico da psicologia humana. Por vezes, fá-lo com grande realismo e redescobrindo com isso dimensões trágicas da existência humana. Mas essa é uma das potencialidades da palavra literária – iluminar as sombras e o obscuro, problematizar a verdade, saber quanto pesa a alma, combater a inevitabilidade do silenciamento.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Dia Mundial da Filosofia 2014 na FacFil

Comemorado com 350 alunos do Ensino Secundário

Um dos sinais que melhor atesta o interesse que esta jornada despertou é, certamente, a expressão escrita das vivências, dos sentimentos, das curiosidades experimentadas ao longo do evento. Por isso, tomamos a liberdade de as transcrever para o “corpo” deste blog, para mais fácil acesso do internauta.

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Juliana Sá:
Sou aluna do Instituto Nun'Alvres e, na minha opinião, a comemoração do Dia Mundial da Filosofia foi importante por várias razões.Primeiro, foi importante a forma como abordámos questões que nos inquietam como cidadãos do Mundo e estudantes de Filosofia de forma divertida e criativa. Mas, também foi importante porque tivemos a oportunidade de compreender melhor o que é a vida académica que, dentro de pouco tempo será a nossa realidade e, por outro lado, entender o que é estudar na Faculdade de Filosofia. Por fim, gostaria de agradecer a amabilidade com que fomos recebidos. (Juliana Sá, Instituto Nun'Alvres, 11ºB - 4 de dezembro de 2014 às 19:57)


Prof. Artur Galvão prendeu a atenção dos jovens com excelente palestra

Ana Moreira: 
Olá, sou aluna do Instituto Nun'Alvres e estou aqui para dizer que gostei bastante da comemoração do Dia Mundial da Filosofia na vossa Faculdade. Deu para olhar para a Filosofia de um outro modo, mais divertido e rotineiro, como algo que acontece todos os dias, e nós nem nos apercebemos. Por outro lado, entramos, também, na realidade de uma universidade, visto que esse poderá ser o nosso futuro muito em breve. Foi uma experiência muito importante e um tempo muito bem passado, de que gostei muito. Agradeço a disponibilidade e a amabilidade no nosso acolhimento. (Ana Moreira, Instituto Nun'Alvres 11ºB - 11 de dezembro de 2014, de 2014 às 21:53)

Os alunos da Oficina - Escola Profissional do INA foram convidados pela Faculdade
de Filosofia da Univ. Católica Portuguesa (Braga) para realizar a cobertura audiovisual
do Dia Mundial da Filosofia organizado pela referida Faculdade.

Notícia da Jornada no blog da Biblioteca Geral do Instituto Nun'Alvres (Colégio das Caldinhas) - ver blog neste link

Drª Fernanda Paula Costa: 
«... Posso dizer-te que o encontro foi um sucesso e fez furor. A turma que eu levei e com quem tive aulas hoje à tarde, fartaram-se de fazer elogios a tudo o que hoje de manhã aconteceu. Mais, houve houve até uma aluna que veio pessoalmente ter comigo no final da aula e que me disse que ficou particularmente tocada com  o facto de ponderar vir a estudar filosofia... achei o máximo. Parece-me que, tal como esta aluna, muitos outros se terão sentido tocados, ainda que não o tenham partilhado tão diretamente. Penso que iniciativas como esta podem abrir as portas da Faculdade, de novo, à Fiosofia.» (Professora de Filosofia do INA | email enviado no dia 20.11.2014).


Sara Silva deixou um novo comentário na sua mensagem "Dia Mundial da Filosofia 2014 na FacFil": 
Quinta-feira, dia 20 de Novembro, em comemoração do Dia Mundial da Filosofia, as turmas do 11º ano do INA (Colégio das Caldinhas) foram à Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga. Uma vez lá chegados, começámos por nos dirigir à Aula Magna da Faculdade de Filosofia, onde fomos recebidos por professores e alunos desta Faculdade da UCP, ficando a conhecer mais acerca deste ambiente académico. 
Recebemos informações sobre as saídas profissionais, os custos dos cursos e sobre as instalações e o funcionamento da Universidade. Os diferentes discursos, que tiveram lugar na Aula Magna, incidiram sobre as temáticas da liberdade e da importância da Filosofia. Foram abordados temas, que inquietam a maioria dos jovens, de forma apelativa, divertida e criativa. O Doutor Artur Galvão fez uma intervenção de Excelência neste domínio. Na parte final, tivemos oportunidade de ouvir alguns testemunhos de alunos e professores sobre o que é ser estudante de Filosofia. 
Tivemos ainda direito a uma visita guiada às instalações da Universidade, dando especial relevo à biblioteca. Nesta pudemos encontrar obras recentes e antigas, enciclopédias, dicionários, livros de Filosofia e de Teologia. Visitámos ainda o bar da Faculdade e o Centro Académico de Braga (CAB), que é muito semelhante à pastoral do nosso colégio, pois também segue a espiritualidade Inaciana. No final da manhã, voltámos ao Colégio com várias lembranças oferecidas pelos organizadores do evento. Esta visita foi muito importante por várias razões, pois adquirimos vários conhecimentos e uma nova perspetiva relativamente ao valor, interesse e importância da Filosofia. 
Quem sabe se algum de nós poderá vir a escolher estudar Filosofia nesta Faculdade! (11ºB, INA – Colégio das Caldinhas).
Bloco Principal (mais recente) da Faculdade de Filosofia

Entrada para a Aula Magna da Faculdade de Filosofia

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Riscos tanatológicos da arte contemporânea

Artigo publicado pelo docente da FacFil, Carlos Morais, sobre o tema da relação entre a arte e a morte. Um tema clássico da estética e da teoria da arte, mas que adquire novos contornos e novas interrogações na contemporaneidade (cf. referência completa do artigo).

Resumo:

Não passa despercebido a muitos pensadores e artistas o ambiente soturno, lúgubre e particularmente negativista que tem caracterizado um certo mundo da arte contemporânea, bem como o da correspondente reflexão estético-filosófica. Como se, estranhamente, a experiência estética, outrora fundada sob o signo da beleza, da tonificação, da gratuidade da presença luminosa do sensível se transformasse em lugar de ausência, fragmentação, irrisão, enfim, obscura vivência tanatológica.
Dos diversos traços que poderiam ilustrar esta atmosfera da arte contemporânea, seguiremos os três eixos temáticos que consideramos centrais: a recusa da representação, o formalismo e o informalismo. É verdade que estes três tópicos são apontados, à primeira vista, como fatores potenciadores do risco que ameaça a arte e experiência estética de declinar num iminente processo de denegação trágica e final. Porém – e este é o principal objetivo deste trabalho – é necessário aprender a discernir o alcance dessas opções da arte contemporânea, e perscrutar o que emerge das suas respetivas tensões, pois nem toda a rutura significa morte, nem toda a morte significa perda. Para tal, propomos como guia deste percurso os textos de Mikel Dufrenne, sempre abertos ao desafio da novidade, mesmo se difícil e por vezes incerta.

Palavras-chave: Morte da arte. Representação. Formalismo. Informalismo. Natureza. 

domingo, 7 de dezembro de 2014

Mateus DOC VIII - Infinito

O docente da Faculdade de Filosofia de Braga, Álvaro Balsas, SJ, proferiu uma comunicação com o título “O Infinito e a Busca de Fundamentos do Finito”, no encontro Mateus DOC VIII, este ano subordinado ao tema geral “Infinito”, que ocorreu de 28 a 30 de Novembro de 2014 na Casa de Mateus, Vila Real. A comunicação abordou alguns aspectos do infinito em matemática, física, metafísica e teologia, tendo outros intervenientes no encontro tratado o tema do infinito a partir das suas respectivas áreas de investigação: física, química, biologia, engenharia, arquitectura, direito, ciência política, artes performativas, literatura, história, filosofia e teologia

Os encontros Mateus DOC são promovidos pelo Instituto Internacional Casa de Mateus (IICM), criado pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, CRUP, e pela Casa de Mateus, Vila Real. O Mateus DOC é um programa de seminário dirigido a investigadores, doutorandos e pós-docs, de todas as áreas científicas, expressamente convidados, de universidades portuguesas e do norte da Galiza.

O objectivo principal do programa consiste em estimular o diálogo interdisciplinar entre jovens investigadores de diferentes áreas, confrontando-os com temas de actualidade e interesse geral. Pretende-se, desta forma, habituar os participantes a encarar os seus temas de reflexão e investigação numa perspectiva alargada que inclua sistematicamente pontos de vista exteriores à área científica respectiva. Esta abordagem não só enriquece o trabalho científico através do estabelecimento de novas associações de método ou de conteúdo, como também abre novos horizontes culturais, ajudando a melhor posicionar, cultural e socialmente, o percurso pessoal de cada um. Por isso, a metodologia destes seminários integra comunicações seguidas de debates entre todos os participantes, numa atmosfera informal, que permite aos investigadores defender, re-equacionar e amadurecer as suas teses como forma de preparação para a redação final dos artigos, que integrarão uma publicação posterior, a qual poderá também ser consultada no site do IICM: www.iicm.pt .

Durante o seminário estiveram presentes os reitores da UM, da UBI e da UTAD. Álvaro Balsas foi convidado pelo Prof. António M. Cunha, presidente do Comité de Direcção do IICM e do CRUP, a participar nas próximas sessões do Mateus DOC.