quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Filosofia, Arquitectura e Outros Saberes em diálogo

Texto do apontamento sobre a relação entre a Filosofia, a Arquitectura e os outros saberes, proferido na sessão de assinatura do protocolo de parceria entre a Universidade Católica (Curso de Filosofia)  e a Empresa Central Arquitectos (Braga), na Aula Magna da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, no dia 13 de outubro de 2015 [cmorais].

> Outros materiais sobre o assunto:


Jornal "Diário do Minho - Suplemento Cultura", 18.11.2015

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Dia Mundial da Filosofia 2015 na Católica-Braga

A Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica associa-se, mais uma vez, às comemorações do Dia Mundial da Filosofia, que decorre a 19 de novembro (quinta-feira), promovendo um programa de atividades. Este ano a organização está a cargo do Dr. Artur Ilharco Galvão e dos alunos do curso de Filosofia, em colaboração com as escolas secundárias Sá de Miranda, Carlos Amarante, Maximinos, Pe. Benjamim Salgado (Joane) e Instituto Nun’Alvres (INA, Caldas da Saúde). 

Em 2002, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) instituiu o Dia Mundial da Filosofia, que se comemora, anualmente, na terceira quinta-feira do mês de novembro, com o intuito de «encorajar as pessoas do mundo a partilharem as suas heranças filosóficas e abrirem as suas mentes a novas ideias». 

Com esta iniciativa, a Faculdade visa enfatizar a importância da reflexão filosófica, incrementar o interesse no estudo da Filosofia e contribuir para o estreitar de laços com a sociedade civil. Consequentemente, a Faculdade tem dado seguimento a várias iniciativas ligadas à temática da Filosofia, tais como a criação de um programa de apoios financeiros aos candidatos do curso de Licenciatura em Filosofia, traduzido numa redução do valor das propinas na ordem dos 75% durante os três anos do curso, e a parceria designada «Filosofia e Arquitetura», estabelecida entre a Faculdade e a empresa Central Arquitetos. 

Programa

09.00h – Receção das Escolas.

09.30h – Abertura do Dia Mundial da Filosofia – Prof. Doutor Miguel Gonçalves (Diretor da FFCS)

09.45h – A Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais: missão, história e ofertas formativas – António Lourenço (aluno primeiro ano)

10.00h – Palestra: “Lemingues e Potlatch” – Prof. Doutor Miguel Dias Costa

10.45h – A Filosofia Hoje: Testemunhos: Doutor Zeferino Ribeiro (Médico Psiquiatra) | Stanislav Nosov (aluno finalista) | Carla Eva (aluna primeiro ano)

11.20h – Agradecimento – Prof. Doutor Carlos Morais (Coordenador do Curso de Filosofia)

11.25h – Lanche 

11.40h – Visita às Instalações da FFCS – Guiada por alunos do Curso de Filosofia

12.30 – Convívio no Bar da Faculdade e Despedida

Apresentador: Luís Palha (aluno finalista)

Registos audiovisuais do evento:
- Notícia na TV PortoCanal
- Documentário completo
- Documentário resumido 


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Universidade Católica e Empresa Central Arquitectos apostam em Braga na parceria "Filosofia e Arquitetura"

No dia 13 de outubro de 2015 teve lugar na Aula Magna da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FFCS) da Universidade Católica Portuguesa - Braga (UCP), uma Conferência de Imprensa, na qual se apresentaram os traços orientadores de uma Parceria de Colaboração entre a Universidade Católica e a Empresa Central Arquitectos (Braga). Esta Parceria ficou firmada com a assinatura de um Protocolo que visa o desenvolvimento de atividades de formação e organização de eventos que aprofundem a relação entre a Filosofia e a Arquitetura.
Nesta sessão intervieram os seguintes membros daquelas Instituições:
- Professor Doutor João Duque, Presidente do Centro Regional de Braga da Universidade Católica, que se focalizou no carácter inédito e por isso mesmo muito desafiante que esta iniciativa coloca.
- Arquiteto José do Vale Machado, Administrador da Empresa Central Arquitetos - Braga, que abordou as elevadas expetativas e objetivos de uma formação filosófica aplicada aos arquitetos.
- Professor Doutor Miguel Gonçalves, Diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da UCP.
- Professor Doutor Carlos Morais, Coordenador do Curso de Filosofia da FFCS da UCP, que explanou o enquadramento da articulação Filosofia, Arquitetura e Outros Saberes ou Atividades.
A primeira expressão desta parceria consiste na realização de um Programa de Formação Filosófica a todos os profissionais da Central Arquitectos, estruturada por um conjunto de módulos temáticos, que se estenderá ao longo do ano letivo. Esta formação abrangerá os tópicos fundamentais das áreas do conhecimento filosófico que se implicam mais diretamente nas atividades dos arquitetos e outros colaboradores daquela Empresa de Arquitetura. Os formandos serão assim introduzidos nas questões de fundo da Antropologia, Lógica, Argumentação e Comunicação, Epistemologia, Ética e Filosofia da Ação, Estética e Ontologia.
A médio e longo prazo, é intenção destas Entidades organizar um conjunto de iniciativas que contribuam para o aprofundamento do questionamento em redor do tema “Filosofia e Arquitetura”, tais como Jornadas de debate, Conferências, Encontros e Congressos.

> Para uma informação mais completa sobre esta Conferência de Imprensa, poderá ver o registo audiovisual produzido pela Oficina – Escola Profissional do Colégio das Caldinhas.


> Outros materiais publicados:


Jornal "Diário do Minho", 14 de out. 2015




sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Prof. Silveira de Brito, Docente da FFCS, colabora na obra dedicada a Onésimo Teotónio de Almeida

Doutor José H. Silveira de Brito
 Professor de Ética da FFCS
O Professor Onésimo Teotónio de Almeida, catedrático da Universidade de Brown, embora mais conhecido em Portugal pela sua obra literária – crónicas, contos, teatro, ensaios sobre literatura – é talvez antes de tudo um filósofo com vasta obra em inglês e português. Nos últimos anos publicou em Portugal alguns livros importantes como De Marx a Darwin - A desconfiança das ideologias. (Lisboa: Gradiva, 2009) e Utopias em Dói Menor - conversas transatlânticas com Onésimo. Conduzidas por João Maurício Brás (Lisboa: Gradiva, 2012). Embora não exclusivamente reunindo textos de Filosofia, também saíram os livros O peso do hífen. Ensaios sobre a experiência luso-americana (Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2010) e Minima Azorica. O meu mundo é deste Reino (Lisboa: Companhia das Ilhas, 2014) que abrem com ensaios filosóficos de grande valia sobre a problemática da identidade. Em Portugal, o mais reputado conhecedor da obra filosófica do autor é o Professor João Maurício Brás que este ano lhe consagrou o livro Identidade, Valores, Modernidade. O Pensamento de Onésimo Teotónio Almeida (Lisboa: Gradiva, 2015). Nas Correntes de Escrita deste ano foi lançado o livro de homenagem Onésimo, Único e Multímodo (Opera Omnia, 2015), organizado por João Maurício Brás, no qual se reúnem textos de natureza muito diferente, que vão de ensaios sobre a sua obra literária, a testemunhos de ex-alunos, colegas e amigos, a ensaios sobre o seu pensamento filosófico. É nesta categoria que José Henrique Silveira de Brito (Professor de Ética na Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da UCP) colaborou com o ensaio «A Ética na Obra de Onésimo Teotónio de Almeida».
Este ensaio visa apresentar a Ética no pensamento de Onésimo Teotónio de Almeida. Mostra como para o pensador, a ética é intrínseca ao ser humano e que biologia e cultura são, em conjunto, indispensáveis para explicar e compreender a vivência da dimensão ética. Expõe o que o filósofo entende por pluralismo ético e trata da distinção que faz entre pluralismo ético e relativismo cultural, e como este não implica aquele. Explica a ideia do autor segundo a qual os valores são não-racionais, o que não significa que sejam irracionais, e as consequências de tal modo de pensar. Por último apresenta a conclusão do Filósofo segundo a qual é impossível fundamentar a Ética. O artigo termina com algumas considerações críticas que pretendem sintetizar observações que acompanham a exposição.
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Braga, 08 out. 2015
José Henrique Silveira de Brito
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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

P. José Manuel Lopes, Docente da FFCS, participou no Programa "Passagem - Pasaxe. O ensino jesuíta e a revista Brotéria entre Portugal e Galiza"

     
     No passado dia 25 de agosto, a Câmara Municipal de Caminha apresentou o programa Passagem – Pasaxe. O ensino jesuíta e a revista Brotéria entre Portugal e Galiza. Deste programa constaram um conjunto de comunicações, a visualização do filme de Manoel de Oliveira Visita ou Memórias e Confissões de 1982 e a Exposição Memórias do Colégio de La Guardia, 1916-1932.
    Diz Rodrigo Pita de Meireles: «Com o início da 1ª Grande Guerra, em 1914, o INA muda-se para a Galiza, aproximando-se de Portugal, inicialmente para Pontevedra (Grande Hotel de los Placeres - Marim), e em 1916 para La Guardia, com instalações mais amplas e melhores, adquiridas aos jesuítas espanhóis do Colégio do Apóstolo Santiago, que entretanto se mudam para Vigo, onde fundaram um colégio mais central. O colégio, junto ao embarcadouro de Pasaxe, em La Guardia, fora fundado pelo Pe. Tomás Gomes Carral em 1875...»
     A exposição Memórias do Colégio de La Guardia, 1916-1932cuja montagem esteve a cargo da Biblioteca Municipal de Caminha, contou com espólio da Biblioteca do Colégio das Caldinhas e do Museu Padre José Carvalhaes e de documentos de coleções particulares de José João Rio Tinto Azevedo (antigo aluno do Colégio de S. João de Brito) e de Teresa Campos Pimenta. Teve como Comissário o Dr. Rodrigo Pita de Meireles (antigo aluno do INA).
     Do programa constaram, também, as seguintes comunicações:
  • Caminha e o Colégio Jesuíta da Pasaxe e a Revista Brotéria, por Paulo Torres, Historiador, Caminha;
  • As coleções científicas dos jesuítas exilados, por Francisco Malta Romeiras, Investigador do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia da Universidade de Lisboa;
  • A Guarda, os guardenses e o Colégio Jesuíta da Pasaxe, por José António Uris, Historiador, A Guarda;
  • A Educação dos Jesuítas Hoje por José Manuel Martins Lopes, S.J., Diretor Geral do Colégio das Caldinhas e Docente da Licenciatura em Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da UCP.
     O encerramento das comunicações coube ao Presidente da Câmara Municipal de Caminha, Dr. Miguel Alves, que enalteceu a qualidade do programa e classificou as comunicações como «um momento extremamente enriquecedor [...] e o apelo à história comum A Guarda [...] que marca o que pretendemos para o concelho de Caminha [...] um concelho mais forte, mais inteligente, mais vivido [...] E é um orgulho receber o filme de Manoel de Oliveira para a sua 4ª. apresentação pública [...]» 
(Cfr: http://bibliotecadoina.blogspot.pt/2015/08/passagem-pasaxe.html)

Prof. Cândido Martins, Docente da FFCS, colabora na obra dedicada a Onésimo Teotónio de Almeida



O volume coletivo Onésimo, Único e Múltiplo (Opera Omnia, 2015), organizado por João Maurício Brás, é uma homenagem a Onésimo Teotónio de Almeida, professor catedrático e investigador da Brown University (Providence, EUA). A considerável variedade temática de artigos recolhidos pretende abarcar a diversidade de interesses da investigação do autor homenageado – docente, escritor e pensador, nos domínios da Filosofia, da Cultura e da Literatura, com variadíssimas obras publicadas.
Faz parte deste volume o artigo de Cândido Martins (Professor da Licenciatura em Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da UCP) intitulado: "A matriz da insularidade e a problematização da identidade cultural no ensaísmo de Onésimo Teotónio". Este estudo pretende refletir sobre o tema da identidade cultural de forma particular. De facto, a ilha e a condição da insularidade, face ao continente, constituíram-se, frequentemente, como continuado pretexto afectivo e sobretudo intelectual para questionação do complexo tema da identidade cultural (regional, nacional ou supra-nacional), tema polémico e complexo. Isso é particularmente visível na escrita, sobretudo ensaística, mas também literária, de Onésimo Teotónio de Almeida. Em várias das suas publicações, ao longo de algumas décadas – desde os ensaios aos textos criativos –, o discurso reflexivo deste autor visa uma persistente indagação identitária, que articula o local ou regional com o nacional e até o universal, abarcando os sistemas da cultura e da literatura.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Carlos Antunes, aluno da Católica expõe em Oslo, Paris, Porto e Vila Nova de Gaia

Carlos Antunes é um pintor originário de Braga (Crespos) com um percurso no mundo da arte visual (pintura e escultura) já muito significativo: ao longo de 35 anos de carreira, participou em cerca de uma centena de exposições, de Monção ao Algarve, passando por Cabo Verde, Espanha, Inglaterra onde também residiu.
Tem várias obras  premiadas, e muitas delas  fazem parte de coleções públicas e privadas, no país e no estrangeiro. Integra o livro “Pintura em Portugal 2001”, (Editora Universitária).

Juntamente com um convite para uma digressão pelos países da  CPLP (e Macau), Carlos Antunes exporá proximamente no Porto (Galeria Vieira Portuense, 12 Set. – 03 Out. 2015), em Paris (Art Schopping, 23-25 Out. 2015), Vila Nova de Gaia (Convento Corpus Christi, 04-06 Set. 2015), e em Oslo (Embaixada do Brasil, 08-12 Set. 2015).

Este artista plástico escolheu a Universidade Católica (Braga) para aprofundar estudos e dar mais seiva reflexiva às suas inquietações, vivências e questionamentos, matérias primas com as quais enriquece, certamente, a sua expressão artística. Por isso, tem frequentado o Curso de Extensão Universitária SOPHIA, tendo-se candidatado no presente ao Curso de Licenciatura em FILOSOFIA – lugar de eleição onde o pensamento e a arte mutuamente se compreendem.   
Vale a pena contemplar a obra e acompanhar o percurso deste talentoso artista bracarense.





segunda-feira, 20 de abril de 2015

Educar Hoje e Amanhã – Uma paixão que se renova (Instrumentum laboris)

Nos cinquenta e vinte e cinco anos, respetivamente, da publicação da Gravissimum Educationis e da Ex Corde Ecclesiae, a Congregação para a Educação Católica, através do documento  Educar Hoje e Amanhã – Uma paixão que se renova – Instrumentum laboris, tenta desafiar as Escolas e as Universidades católicas a debaterem a essência das linhas de força da Igreja no mundo da educação e, simultaneamente, refletirem sobre as linhas programáticas para os próximos anos.
Explorando e comentando aquele documento pontifício, o docente da Faculdade de Filosofia, José Manuel Martins Lopes, apresentou no passado Sábado (18 de Abril), em Fátima, a um grupo de mais de 70 responsáveis pelas Escolas Católicas, uma conferência na qual recordou que é fundamental a ideia de ser humano subjacente aos projectos educativos das Escolas, e em particular das Escolas Católicas.
Para mais informação acerca do conteúdo desta conferência, clique aqui.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Lugar da Ética hoje


O lugar da Ética no mundo contemporâneo, a partir de um livro de Pedro Galvão – Ética com Razões (Lisboa, Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2015) –, apresentado por Viriato Soromenho Marques, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 

O aborto é aceitável? E a eutanásia? Os animais têm direitos? Que ética para os nossos dias? Leia-se a discussão do filósofo Pedro Galvão no livro Ética com direitos, da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FMS). A Filosofia deve constituir-se, hoje mais do que nunca, como área decisiva para o debate e para o pensamento crítico, ao nível do espaço público.

> Apresentação pública da obra na Faculdade de Letras de Lisboa, por Viriato Soromenho Marques: ver aqui.

segunda-feira, 30 de março de 2015

"Liberdade e Escolha" e "Filosofia com Humor"

Comunicações realizadas pelo docente da FacFil, Artur Ilharco Galvão.

> Comunicação:A Liberdade é um Estado Muito Apreciado na Sociedade Civilizada: A Importância da Filosofia e o Problema da Escolha” - apresentada na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, na Comemoração do Dia Mundial da Filosofia - 20 de Novembro de 2014:

Na famosa ‘cena do tribunal’ dos Monty Python (Monty Python’s Flying Circus, S.01, E.03), o arguido, antes da leitura da sentença, apela ao juiz para não ser privado da liberdade. Por um lado, porque tem mulher e seis filhos; por outro, e o mais importante de tudo, porque “a liberdade é um estado muito apreciado na sociedade civilizada”. Partindo deste mote lança-se num discurso laudatório da liberdade, designando-a por “mensageira da felicidade” e considerando-a “tão preciosa, quanto um bálsamo abençoado”, para concluir enfaticamente com a pergunta-resposta: “A que deusa o marinheiro assustado pela tempestade oferece as orações mais impetuosas? À liberdade! Liberdade. Liberdade”. Tamanha exaltação poderá deixar-nos facilmente perplexos e conduzir-nos à ideia de que o arguido procura um meio para comover o juiz e, desse modo, garantir uma pena leve para um crime aparentemente hediondo. Contudo, e tratando-se dos Monty Python, a punch line da rábula é, inevitavelmente, desconcertante. O crime em questão não passa de uma simples multa de trânsito. A trama estende-se com a chamada de testemunhas tão estranhas quanto a Sra. Fiona Lewis, o falecido Arthur Aldridge e o cardeal Richelieu.
O grande mérito dos Monty Python reside no facto de mostrarem - através da sátira dos truísmos, estereótipos e maneirismo sociais - como por vezes falhamos em alcançar a independência de pensamento e, ao seguirmos a maré, acabarmos por ficar enredados nos nossos pré-conceitos. Nesse sentido, desafiam-nos a repensar as nossas ideias e as nossas vidas. No sketch em análise, para além de nos fornecerem um momento de plena surrealidade e humor, recordam-nos a importância e o valor da liberdade. A possibilidade desta ser esquecida, subvalorizada ou negada merece uma reflexão filosófica, quer para a sua compreensão quer para o seu exercício.
Esta comunicação focou, precisamente, a reflexão filosófica acerca da liberdade, mais especificamente o problema da escolha e como esta pode ser paradoxal. Nesse sentido, a reflexão, dividiu-se em duas partes. Na primeira, tendo em conta o público-alvo, alunos do 11º ano, analisou-se a temática filosófica a partir da questão: “Quão boa poderá ser a filosofia?”. Defendeu-se que a filosofia vai muito além de uma actividade intelectual ou de um assunto de uma disciplina, constituindo-se uma forma de vida ou uma prática de lidar criticamente com os nossos limites e incertezas. Enquanto esforço de contribuir para a construção de uma vida humana mais plena, a filosofia exorta-nos a ter a coragem de pensar por nós mesmos. Na segunda parte, explorou-se o problema da liberdade a partir dos resultados de questionários previamente preenchidos pelos alunos. Seguindo-se a abordagem da teoria do paradoxo da escolha, proposta pelo psicólogo Barry Schwartz, traçaram-se os perfis dos alunos enquanto ‘maximizadores’ ou ‘satisfazedores’. Concluiu-se procurando demonstrar-se como a filosofia contribui, mediante o desenvolvimento do raciocínio e da sabedoria prática, para lidar com os aspectos positivos e negativos de cada um dos perfis. 


> Comunicação: “Filosofia com Humor” - apresentada na Escola Secundária D. Sancho I, Vila Nova de Famalicão, em 18 de Novembro de 2014, a convite da Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática.

Esta comunicação teve por objectivo argumentar contra a ideia, por vezes recorrente, de que a filosofia é uma actividade marcadamente abstrusa, maçuda e tristonha. Uma ideia antiga e da qual Aristófanes (c. 446-396 a.C.) já dava conta na sua peça cómica As Nuvens. Aí apresenta-nos uma imagem da filosofia e do filósofo como vivendo nas nuvens, desligado do mundo real e tomando por grandes problemas as questões acerca do comprimento do salto das pulgas ou da identificação da extremidade pela qual zumbem os mosquitos. Aristófanes poderá (aparentemente) ter razão quando afirma que por vezes os filósofos parecem habitar as nuvens e dedicarem-se a questões tão técnicas cujo interesse e utilidade parece ser inexistente (pelo menos para o público em geral). Porém, estava errado. As ideias produzidas pelos filósofos não ficam nas nuvens. Basta recordar que se as revoluções mudaram e mudam o mundo, começaram na cabeça mas não ficaram aí.
Aristófanes oferece-nos um excelente ponto de partida para pensarmos a ligação entre a filosofia e o humor. Particularmente a ideia de que os dois campos, o filosófico e o humorístico, não são contraditórios nem incompatíveis, antes pelo contrário. Conforme recorda B. Russell “todo o acto de inteligência é um acto de humor”. A filosofia não constitui excepção.
A comunicação estruturou-se em dois momentos. No primeiro, apresentaram-se alguns apontamentos humorísticos da vida de alguns filósofos para desconstruir a ideia do filósofo carrancudo e de mal com a vida. No segundo, partiu-se do sketch “reunião da Frente Popular” dos Monty Pythons (A Vida de Brian) para responder à questão: “Afinal o que fizeram os filósofos por nós?”. 

terça-feira, 24 de março de 2015

Filosofia e Design

O Curso de Filosofia da Faculdade de Filosofia da UCP - Braga, através do docente Carlos Morais, participou na 1ª Feira de Oferta Educativa e Formativa da Universidade do Minho, no Parque de Exposições de Braga, no dia 13 de março de 2015.
Em boa hora a UM e outras entidades organizaram a referida feira, de grande importância e oportunidade, desde logo pelo contributo que ela proporcionou a quem tem de tomar a decisão na escolha do percurso formativo a seguir, como é o caso dos jovens que pretendem aceder ao ensino superior universitário e politécnico, ou outro.
Nesta Feira participaram dezenas de escolas de todos os graus de ensino, bem como outras instituições dedicadas ao ensino e à formação. Entre elas, também a Universidade Católica. Eram muitos os visitantes, alunos aos magotes, provenientes de muitos agrupamentos de escolas e que pululavam entre os expositores das diversas instituições e as distintas iniciativas que decorriam mais ou menos em simultâneo dentro do Parque, num misto de diversão e curiosidade.
De lamentar, apenas, o facto de um conjunto de Atividades programadas para o “Espaço Informa(te)”, entre as quais se encontrava a que tínhamos preparado, não se terem podido realizar nas melhores condições. De facto, sendo um espaço totalmente aberto, um ponto de passagem sem nenhuma sinalética que permitisse identificar o local como espaço de apresentação de propostas e de debate, exposto às ondas sonoras que cruzavam o pavilhão em todos os sentidos, imediatamente percebemos que não poderíamos apresentar, naquelas condições, o assunto que havíamos preparado. Por isso, aqui fica a nossa sugestão para que, numa próxima edição da Feira, os responsáveis insiram tais Atividades no outro espaço existente, o “Espaço Auditório”, este sim, um espaço mais reservado e para o qual os interessados se dirigem já com um outro registo, e numa atitude mental muito diferente.
De qualquer modo, a apresentação que pretendíamos expor e constituir em momento de diálogo, versava a relação entre dois domínios aparentemente pertencentes a realidades bem longínquas uma da outra: a Filosofia e o Design. Mais precisamente, pretendíamos evidenciar o que no Design se constitui como problema filosófico, e por outro lado, em que consiste e para que serve um olhar filosófico sobre o Design. Um assunto atual, pertinente, que ocupa já um bom número de publicações editadas entre nós, e que mostraria certamente a singularidade e a “mais-valia” de uma formação em Design num ambiente filosófico, como é o Curso de Design existente na Faculdade de Filosofia de Braga. Um caso único em Portugal.
Para quem se interesse por este assunto, aqui fica o esquema que havíamos preparado para a nossa exposição:
1. O design como ponto de convergência de realidades múltiplas:
         Técnica, Economia, Social, Ética, Política, Estética, Antropológica, Epistemológica, Cultural, Histórica.
2. O design requer uma análise e compreensão global
3. A Filosofia: lugar da interceção e entrecruzamento
          Interdisciplinaridade - Horizonte de “totalidade” - Radicalidade de questionamento além do “já dado” - Perspetiva crítica de um questionar permanente
4. Finalidade de uma filosofia do design:
         Construção de uma síntese coerente – Articulação de todos os ângulos do objeto/problema que é o design
5. A questão da “natureza” do design (o que é o design? O que o constitui? Que estatuto? Que “identidade”?)
          Uma atividade - Um valor - Uma poiésis/criação - Uma fruição/experiência - Uma arte - Um consumo - Uma técnica - Um desejo - Um projeto - Uma mercadoria
6. A questão da(s) linguagem(s) do design:
          A tecnicidade - A funcionalidade - A denotação - A conotação - A linguagem “estética”: um espaço-tempo plástico e global - Símbolos e metáforas.
7. Questão ética
          O que se produz no design; Por que é que se produz o que se produz; Para quem se produz; Quem produz; Que impacto (na sociedade, no ambiente, no indivíduo…)
8. Questão estética
          O esteticidade da técnica; A dimensão artística do design; A experiência estética do design; A beleza do design.
9. Questão cultural e política
          O design como catalisador do “capitalismo estético”; Os perigos da estetização generalizada; Que “divindade” serve o design?
10. Moral da história
          O designer e o sentido da sua atividade.
          O “consumidor” e a atitude esclarecida e crítica perante o sistema da produção.

Citação de referência:
Gilles Lipovetsky e Jean Serroy:
 «O estilo, a beleza, a mobilização dos gostos e das sensibilidades impõem-se cada vez mais como imperativos estratégicos das marcas: é um modo de produção estética que define o capitalismo do hiperconsumo. Nas indústrias do consumo, o design, a moda, a publicidade, a decoração, o cinema, o show business criam em massa produtos plenos de sedução, veiculam afetos e sensibilidade, construindo um universo estético prolífico e heterogéneo pelo ecletismo dos estilos que se desenvolvem». (O capitalismo estético na era da globalização, p.16)

Texto publicado no Jornal "Diário do Minho", 06 de maio de 2015

Carlos Morais

sábado, 14 de março de 2015

Seminário Internacional "Filosofia e Experiência de Deus" na FacFil - 28 a 30 de abril 2015

A Faculdade de Filosofia organizará nas suas instalações, em 28-30 de Abril de 2015, um Seminário Internacional sobre o tema “Philosophy and the Experience of God”, em parceria com a "ROMANIAN ACADEMY -- IASI BRANCH”, sediada na Universidade de Iasi da Roménia.
Este evento, realizado no âmbito do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos da FacFil, dá continuidade ao Seminário Permanente sobre o Pensamento Pós-Secular, organizado pelo Prof. Manuel Sumares, integrando também investigadores de outras universidades.
A articulação entre o curso de Filosofia e a Academia Filosófica de Iasi vem-se desenvolvendo há algum tempo (cf.notícia aqui). Para consolidar esta relação entre os dois centros de Filosofia, está em perspetiva a assinatura de um protocolo com a Academia Romena.
Os investigadores interessados no tema que queiram apresentar propostas de comunicação deverão contactar o Professor Doutor Manuel Sumares, através da Secretaria da Faculdade de Filosofia, até ao dia 27 de março, dado o número restrito de vagas.
De igual modo, as pessoas interessadas em assistir aos trabalhos do Seminário, deverão fazer a sua inscrição no mesmo local.

>> Outras notícias relacionadas: clique aqui.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Filosofia para Crianças e Jovens

Eugénio Oliveira – licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia de Braga-UCP, Professor e Formador de Educadores e Professores. Fundador da Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática, tem desenvolvido, voluntariamente, um trabalho de promoção da ética e da filosofia em Portugal. Uma das áreas em que se tem destacado é o desenvolvimento da área da Filosofia para Crianças e Jovens em Portugal.


Para outras informações: http://comunidadeedp.pt/todosqueremosumbairromelhor/ideia/1116

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Curso de Filosofia participou no Grupo UNIJES – Ética das Profissões 2015

Nos dias 22 e 23 de Janeiro, teve lugar a reunião anual dos coordenadores dos Centros do Grupo UNIJES – Ética das Profissões, estrutura que congrega todas as Instituições de Ensino Superior da Companhia de Jesus em Espanha, a que a Faculdade de Filosofia de Braga está associada. A reunião deste ano decorreu no Campus de Sevilha da nova Universidade da Companhia de Jesus, Universidad Loyola Andaluzia (http://www.uloyola.es/), cuja actividade docente se iniciou há dois anos. Para além do Campus de Sevilha, a Universidade tem um outro em Córdoba.
A Faculdade de Filosofia de Braga participa nestas reuniões desde 2001, tendo sido responsável pela reunião anual de 2004, que decorreu nos dias 28 e 29 de Janeiro. Aproveitando a vinda a Braga de vários especialistas em Ética Empresarial, foi organizado na ocasião um Seminário Luso-Espanhol de Ética Empresarial subordinado ao tema: “Ética como Instrumento de Gestão”, cujas comunicações foram publicadas na Brotéria. Cristianismo e Cultura. 159(2004), fasc. 5.
O Grupo UNIJES – Ética das Profissões (na altura COCESU (Coordinadora de Centros de Ensino Superior de la Companhia de Jesus en Espanha), foi fundado há mais de 15 anos, precisamente porque os responsáveis pelo ensino superior da Companhia de Jesus em Espanha consideraram que a Ética é fundamental na formação formal e informal do ser humano, especificamente na formação que visa a actividade profissional. Ou seja, muito antes de a crise que o mundo atravessa vir à superfície, aqueles responsáveis aperceberam-se de que a Ética é fundamental para o ser humano e organizaram a sua leccionação nas suas instituições de ensino superior. Como diz Adela Cortina num dos seus recentes livros, Para que sirve la Ética? (Barcelona: Paidós, 2013), a ética é fundamental pelo menos por duas razões: porque faz parte da estrutura do seu humano, e porque é inteligente tirar o melhor partido dessa dimensão, uma vez que sem ela não há justiça nem felicidade. Como a autora diz, numa linguagem provocadora: é mais barato ser ético do que não ser; sem confiança, virtude ética, a vida torna-se impossível. E ao olhar para o mundo, tem de se concordar com a grande filósofa espanhola. Ou seja os responsáveis da Companhia de Jesus anteciparam-se na procura de caminhos que evitem as dificuldades que hoje são bem patentes.
Esta consciência levou à decisão de criar unidades curriculares de Ética em todas as licenciaturas, mestrados e doutoramentos ministrados nas Instituições de Ensino Superior da Companhia de Jesus em Espanha, universidades, como Deusto, Comillas e Loyola Andaluzia, e outras instituições de ensino superior, como ESADE (Escuela Superior de Administración y Dirección de Empresas - http://www.esade.edu/web/eng) e IQS (Institut Quimic de Sarrià - http://www.iqs.edu/es/), em Barcelona; INEA (Escuela Técnica de Ingeniería Agrícola - http://www.inea.org/), em Valladolid, entre outras.
O grupo inicialmente trabalhou a formação dos professores de Ética de cada centro (são os professores do chamado Círculo 2; o Círculo 1 é composto pelos coordenadores dos diversos centros) e dos professores das outras unidades curriculares dos diversos cursos, designado Círculo 3, porque não há actividade docente nem unidades curriculares axiologicamente neutras.
Para além desta actividade, o Grupo tem publicado ao longo dos anos vários volumes de ética das profissões. O Primeiro volume da colecção (Ética de las Profesiones. Desclée De Brouwer) tem por título Temas Básicos de Ética e o segundo, Ética General de las Profesiones, de que há uma tradução brasileira. Os restantes volumes tratam da ética de profissões em áreas específicas, como: a ética da responsabilidade empresarial, do trabalho social, de enfermagem, da ajuda humanitária, dos tradutores, das finanças, da economia, da vida pública, do turismo, dos professores, das profissões jurídicas, etc.
No nosso país esta área da ética das profissões tem sido pouco trabalhada e certas instâncias reagem com estranheza às propostas da sua introdução nos Curricula. A razão deste modo de proceder nem sempre é claro. Às vezes parece que esta reacção se deve ao facto de se considerar que a Ética não é ensinável, ou se tem ou não se tem; outras vezes parece que a reacção contra a introdução da Ética nos cursos resulta de se considerar que a ética é uma questão meramente pessoal e, consequentemente, cada um tem a sua. Ora a Ética é o conjunto de valores, princípios e normas que permite a convivência humana, pelo que não é meramente individual, mas tem uma dimensão social, e é indispensável à vida em comum. Isto torna-se particularmente evidente quando nos deparamos com situações de que ela está ausente. Há, contudo, alguns sinais de que pouco a pouco se vai descobrindo a necessidade de incluir nos cursos o ensino da Ética, o que permite acalentar alguma esperança de que a sua leccionação se vá generalizando, para bem de cada um e da sociedade em geral.

José Henrique Silveira de Brito (Representante da FacFil no Grupo UNIJES)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O que os alunos dizem da obra "A República" de Platão

No contexto da elaboração de um trabalho escrito, no âmbito da Unidade Curricular de Filosofia Antiga, centrado no Livro VII d'A República de Platão, recolhemos as seguintes impressões e opiniões de um grupo de alunos:
> "Se é verdade que muitas pessoas  ainda vivem num mundo que não passa de um teatro de sombras, não querem dar o passo para a Verdade, talvez por medo, talvez por ignorância. (...) O objectivo de Platão não é dizer que a natureza das sombras é triste, mas que ela é escura e triste em comparação com a claridade do mundo das ideias." (João Eduardo M Bastos)
> "O filósofo tem como missão guardar e cuidar dos outros (...); deve fazer com que os outros  tenham uma vida melhor" (Pedro J Antunes)
> "A alegoria [da caverna] também me ajuda no sentido de que o que pensamos saber, deve ser visto com cuidado, (...) devemos ter a capacidade de largarmos os grilhões e irmos ao encontro do desconhecido" (Daniel A Rodrigues)  
> "Para Manuel Velazquez, sair da caverna é procurar encontrar fundamentos que sejam racionalmente justificados" (Lara Marli S Tavares)
> "A educação tem como objectivo tornar os jovens bons líderes, administradores e governantes, homens de Estado e não demagogos; cultivar o amor desinteressado à ciência; transformar o conhecimento em sabedoria prática. Uma missão reformadora.
O principal intuito será mobilizar a consciência para a importância e beleza do mundo inteligível, que é aquele que é real, que retrata as ideias e a essência em oposição ao mundo sensível ao qual muitas vezes somos chamados, o mundo do irreal, das cópias sensíveis e aparentes." (Jorge Miguel F. Rodrigues)
> "Em conclusão, Platão dá-nos uma utopia soberana de um modelo político utópico mas também inspirador em vários aspectos. Sobretudo, no facto de se basear no bem comum e no serviço, e de certo modo inspirou muitas tendências na história. No entanto, o mais importante a meu ver, é a alegoria da caverna onde Platão nos oferece o núcleo do seu pensamento e filosofia. Sem esta metáfora é impossível entender Platão e a sua teoria do mundo sensível e inteligível, que certamente marcou a história da civilização ocidental para sempre." (João Moreira)   
> "Os políticos serão bons políticos se conseguirem ter uma mente aberta ao conhecimento; terão de ser filósofos para executarem as ideias de um homem livre" .(Paulo António M Pereira)
> "Se transpusermos a alegoria [da caverna] para os nossos dias, damos conta que os prisioneiros somos nós, , que vemos e acreditamos apenas e só em imagens criadas pela cultura, conceitos e informações que recebemos." (...) Verdadeiramente só conhecemos a realidade quando nos libertamos dessas influências, quando saímos da caverna." (Francisco Jorge P Costa)   
> "O significado desta alegoria [da caverna] é no sentido de que os homens são, neste mundo, escravos dos seus sentidos , ou seja, na obscuridade do mundo da matéria em perpétuo devir, não apreendem senão sombras ou vagos reflexos. Porém, os modelos destas sombras, a fonte luminosa destes reflexos permanecem a tal ponto desconhecidas para eles, que não suspeitam sequer da sua existência." (Alexandre G Cardoso)
> "Como o filósofo percebe o mundo de maneira diferente, é geralmente considerado louco e que vive na lua, mas na verdade ele é o único que conhece a realidade da existência e das formas perfeitas, segundo Platão." (Ricardo Luís R Martins
> "Através de um diálogo interessante e interpelativo, fomos convidados a conhecer o modo de vida filosófico platónico que, embora se apresente, por vezes, utópico e idealista, nos leva a questionar sobre a verdadeira essência da realidade e da própria natureza humana. Embora idealista, não deixa de ser um ponto de partida interessante para questionar o presente e levantarmos dúvidas que, ao homem, parecem ser eternas". (Isabel Pacheco)
> "O conhecimento é exactamente uma conquista que só se pode fazer com esforço e vontade de espírito de cada um, de forma lenta e gradual até atingir a plenitude, ou seja, o mundo inteligível ou das Ideias, abandonando o mundo sensível." (João Pereira)
> "Platão nega que o plano de estudos seja apenas uma acumulação de conhecimentos da alma. É, antes, uma conversão  ("voltar da alma"), em que a alma dirige a atenção para a elevação até à realidade. [...] Platão defende uma educação mais centrada em métodos de análise do que em factos. O processo de aprendizagem é natural no seu desenvolvimento" (Miguel António S Bacalhau).

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Filosofia para entender o mundo


Todos temos necessidade de pensar para nos compreendermos a nós e ao mundo que nos rodeia, sobretudo nos tempos conturbados em que vivemos. No passado como no presente, é normal as pessoas se interrogarem alguma vez sobre o que é a filosofia, o que é um filósofo, para que serve a filosofia e qual  sua função na história e sobretudo na actualidade.

Sobretudo os mais jovens, congenialmente mais inquiridores, têm a tendência natural para uma atitude filosófica, que precisa de ser estimulada. Nesse sentido, ao longo dos tempos, tem sido publicadas diversas obras de introdução à Filosofia, promovendo o gosto pela Filosofia, desenvolvendo um espírito filosófico e potenciando um pensamento aberto à problematização.  Pensar filosoficamente está ao alcance de todos? Ousa pensar, é o desafio!

É justamente neste contexto que se insere o recente e breve volume colectivo, intitulado Cartas a jóvenes filósofas y filósofos (Madrid, Continta Me Tienes, 2014). Dez pensadores ou filósofos, oriundos de diferentes correntes de pensamento (do francés Jean-Luc Nancy, passando por Miriam Solá e Lucrecia Masson, até ao filósofo da ciência Fernando Broncano e ao fenomenólogo belga Marc Richir, entre outros) dirigem cartas ou lições problematizadoras a destinatários jovens, discípulos imaginários, sobre temáticas bem diversas e actuais.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Por uma fé em Deus e nos homens

Neste texto, Andreas Lind, antigo aluno da licenciatura em Filosofia da FacFil, revisita a questão sempre actual da relação entre a Filosofia e a Teologia, a Razão e a Fé. O pretexto para esta incursão é o discurso do Papa Francisco no Parlamento Europeu e os frescos de Rafael representando Filósofos e Teólogos num cenário convidativo ao diálogo.

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No seu rico e denso discurso recentemente pronunciado no Parlamento Europeu, entre tantas imagens sugestivas, o Papa Francisco levou-nos a admirar a célebre "Escola de Atenas" de Rafael. Nela, vislumbramos Platão e Aristóteles, circundados por toda uma vasta tradição de filósofos pagãos. Os dois, bem ao centro, caminham dialogando um com o outro. Enquanto que Platão aponta para o céu, o seu discípulo estende a mão para baixo. Deste modo, revela-se, segundo o Santo Padre, uma conexão inseparável entre o céu e a terra, que deveria hoje preservar-se: a abertura a Deus deve estar ligada ao cuidado para com as situações concretas que o homem vive.

Na "Stanza della Segnatura" dos museus do Vaticano, onde se encontra a "Escola de Atenas", reparamos que Rafael pintou, à sua frente, outro fresco, no qual teólogos cristãos discutem sobre a presença real de Cristo na Eucaristia; no fundo, sobre a presença de Deus no mundo. Assim, o pintor renascentista faz-nos recordar como a filosofia helenista foi acolhida pela tradição teológica cristã.
Trata-se de uma atitude de abertura para com uma tradição pagã, que hoje parece já não nos surpreender mais. Com efeito, para muitas das pessoas que visitam aquela "Stanza" no Vaticano, e se deixam ali ficar a admirar a presença de São Tomás, de Santo Agostinho, de Santo Ambrósio, ali bem próximos de Platão e de Aristóteles, até lhes parece normal. Contudo, tal cenário não foi sempre evidente. Nos primórdios da Igreja, muito se discutiu, de facto, sobre o valor de uma tradição filosófica, como a grega, cujas raízes não se fundavam na Revelação bíblica. Porque não ficar só com a sagrada Escritura? Não basta o que disseram os profetas de Israel e os apóstolos a quem Cristo confiou a Sua Igreja? Para quê valorizar a filosofia pagã dos gregos?
Trata-se realmente de uma opção, “fundamental” e “primordial” segundo Ratzinger, que o cristianismo estabeleceu pelo "Logos". No contexto cultural próprio do antigo império romano, a religião era vista como uma "religio pubblica" na qual se celebravam mitos sem correspondência com uma verdade histórica. Assim, acabou-se por permitir uma prática religiosa devocional que se separava da filosofia e da razão, a partir da qual o homem procurava chegar à verdade.
Os cristãos optaram, seguindo a linha argumentativa de Ratzinger, pela filosofia, pelo "Logos", em detrimento do "mythos", veemente criticado por uma tradição filosófica pagã, à qual os cristãos de certa forma aderiram. É certo que, na mesma "Stanza della Segnatura", Rafael também pintou Apolo e Aria, valorizando assim a poesia na qual o mito se expressa. Sim, esta “opção fundamental” pelo "Logos" não foi tomada num sentido exclusivista. Trata-se, essencialmente, de não separar a devoção religiosa pública e pessoal da verdade que podemos compreender enquanto homens.
Neste sentido, parece-me que devemos, hoje, fazer memória desta opção primordial, pela qual muitos dos primeiros cristãos, ao se recusarem a aceitar as práticas de uma devoção religiosa que, não sendo verdadeira, seria apenas idolatria, acabaram por pagar o preço do martírio, oferecendo a própria vida segundo as exigências da sua fé.
Creio que recordar esta opção, não só nos leva a ter presente a radicalidade da entrega de quem crê, mas, sobretudo, a ganhar consciência de que o crente num Deus, cujo Espírito penetra toda a realidade criada, tende a acolher o mundo e os outros, oferecendo a vida pela sua salvação.
Realmente, acreditar que os conteúdos da fé cristã são universalmente verdadeiros implica que sejam compreensíveis e relevantes para todos os homens. Ou seja, Platão e Aristóteles, na sua procura sincera da verdade, do Bem, das coisas eternas, no fundo, procuravam Deus e, nesse caminho, chegaram muito longe, através da razão humana, a qual participa no "Logos" divino. Por isso mesmo, São Justino, na sua apologia do cristianismo, enviada ao Imperador romano António Pio, chegou mesmo a apelidar Sócrates de “cristão”, na medida em que o filósofo grego terá sido um homem que viveu segundo o Logos. De facto, o próprio São Paulo diz que “Deus se manifestou a eles. Desde a criação do mundo, Sua condição invisível, Seu poder e divindades eternos, se tornam acessíveis à razão para as criaturas” (Rm 1, 19-20). E, na mesma epístola aos Romanos, o apóstolo dos gentios acrescenta: “Quando pagãos, que não têm a lei, cumprem espontaneamente o que a lei exige, não tendo a lei, eles são sua lei, já que demonstram levar as exigências da lei gravadas no coração” (Rm 2, 14).
Trata-se, então, de uma fé que acredita nos homens e na sua capacidade de chegar à verdade; portanto, de uma fé que não se separa do mundo. Uma fé que não pode ser uma mera devoção privada, reduzida ao sentimento pessoal e subjetivo do crente: este deve ser capaz de a anunciar e de a tornar credível perante o mundo. Estamos, então, perante um credo que o mundo possa compreender e que seja capaz de viver. Um credo que seja relevante às aspirações do mundo, que respeite o homem e que vá ao encontro das suas inquietações. Sem dúvida, uma atitude de abertura e diálogo em relação a tradições diferentes. Realmente, acreditar que todos os homens, independentemente das tradições religiosas ou filosóficas a que pertençam, participam no "Logos" divino, implica esta atitude dialogante com o mundo. Não se trata apenas de acreditar em Deus, mas de viver uma fé que confia no mundo e nos homens, tal como São Justino confiou em Sócrates e respeitou a filosofia grega.
Regressando ao discurso do Papa Francisco no Parlamento Europeu, podemos compreender agora o encorajamento do Santo Padre no sentido de retornarmos ao espírito dos fundadores da União Europeia, baseado na capacidade de trabalhar em conjunto, e de superar as divisões existentes, na construção de uma paz duradoira. Sem esquecer, como tenho vindo a dizer, que esta atitude de abertura e diálogo pressupõe o respeito absoluto pela pessoa humana; o respeito, pode dizer-se ‘sagrado’, da sua dignidade e dos seus direitos inalienáveis.

(Texto originalmente publicado no blog essejotanet)

Andreas Lind, sj | 10.01.2015