sábado, 21 de fevereiro de 2015

Filosofia para Crianças e Jovens

Eugénio Oliveira – licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia de Braga-UCP, Professor e Formador de Educadores e Professores. Fundador da Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática, tem desenvolvido, voluntariamente, um trabalho de promoção da ética e da filosofia em Portugal. Uma das áreas em que se tem destacado é o desenvolvimento da área da Filosofia para Crianças e Jovens em Portugal.


Para outras informações: http://comunidadeedp.pt/todosqueremosumbairromelhor/ideia/1116

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Curso de Filosofia participou no Grupo UNIJES – Ética das Profissões 2015

Nos dias 22 e 23 de Janeiro, teve lugar a reunião anual dos coordenadores dos Centros do Grupo UNIJES – Ética das Profissões, estrutura que congrega todas as Instituições de Ensino Superior da Companhia de Jesus em Espanha, a que a Faculdade de Filosofia de Braga está associada. A reunião deste ano decorreu no Campus de Sevilha da nova Universidade da Companhia de Jesus, Universidad Loyola Andaluzia (http://www.uloyola.es/), cuja actividade docente se iniciou há dois anos. Para além do Campus de Sevilha, a Universidade tem um outro em Córdoba.
A Faculdade de Filosofia de Braga participa nestas reuniões desde 2001, tendo sido responsável pela reunião anual de 2004, que decorreu nos dias 28 e 29 de Janeiro. Aproveitando a vinda a Braga de vários especialistas em Ética Empresarial, foi organizado na ocasião um Seminário Luso-Espanhol de Ética Empresarial subordinado ao tema: “Ética como Instrumento de Gestão”, cujas comunicações foram publicadas na Brotéria. Cristianismo e Cultura. 159(2004), fasc. 5.
O Grupo UNIJES – Ética das Profissões (na altura COCESU (Coordinadora de Centros de Ensino Superior de la Companhia de Jesus en Espanha), foi fundado há mais de 15 anos, precisamente porque os responsáveis pelo ensino superior da Companhia de Jesus em Espanha consideraram que a Ética é fundamental na formação formal e informal do ser humano, especificamente na formação que visa a actividade profissional. Ou seja, muito antes de a crise que o mundo atravessa vir à superfície, aqueles responsáveis aperceberam-se de que a Ética é fundamental para o ser humano e organizaram a sua leccionação nas suas instituições de ensino superior. Como diz Adela Cortina num dos seus recentes livros, Para que sirve la Ética? (Barcelona: Paidós, 2013), a ética é fundamental pelo menos por duas razões: porque faz parte da estrutura do seu humano, e porque é inteligente tirar o melhor partido dessa dimensão, uma vez que sem ela não há justiça nem felicidade. Como a autora diz, numa linguagem provocadora: é mais barato ser ético do que não ser; sem confiança, virtude ética, a vida torna-se impossível. E ao olhar para o mundo, tem de se concordar com a grande filósofa espanhola. Ou seja os responsáveis da Companhia de Jesus anteciparam-se na procura de caminhos que evitem as dificuldades que hoje são bem patentes.
Esta consciência levou à decisão de criar unidades curriculares de Ética em todas as licenciaturas, mestrados e doutoramentos ministrados nas Instituições de Ensino Superior da Companhia de Jesus em Espanha, universidades, como Deusto, Comillas e Loyola Andaluzia, e outras instituições de ensino superior, como ESADE (Escuela Superior de Administración y Dirección de Empresas - http://www.esade.edu/web/eng) e IQS (Institut Quimic de Sarrià - http://www.iqs.edu/es/), em Barcelona; INEA (Escuela Técnica de Ingeniería Agrícola - http://www.inea.org/), em Valladolid, entre outras.
O grupo inicialmente trabalhou a formação dos professores de Ética de cada centro (são os professores do chamado Círculo 2; o Círculo 1 é composto pelos coordenadores dos diversos centros) e dos professores das outras unidades curriculares dos diversos cursos, designado Círculo 3, porque não há actividade docente nem unidades curriculares axiologicamente neutras.
Para além desta actividade, o Grupo tem publicado ao longo dos anos vários volumes de ética das profissões. O Primeiro volume da colecção (Ética de las Profesiones. Desclée De Brouwer) tem por título Temas Básicos de Ética e o segundo, Ética General de las Profesiones, de que há uma tradução brasileira. Os restantes volumes tratam da ética de profissões em áreas específicas, como: a ética da responsabilidade empresarial, do trabalho social, de enfermagem, da ajuda humanitária, dos tradutores, das finanças, da economia, da vida pública, do turismo, dos professores, das profissões jurídicas, etc.
No nosso país esta área da ética das profissões tem sido pouco trabalhada e certas instâncias reagem com estranheza às propostas da sua introdução nos Curricula. A razão deste modo de proceder nem sempre é claro. Às vezes parece que esta reacção se deve ao facto de se considerar que a Ética não é ensinável, ou se tem ou não se tem; outras vezes parece que a reacção contra a introdução da Ética nos cursos resulta de se considerar que a ética é uma questão meramente pessoal e, consequentemente, cada um tem a sua. Ora a Ética é o conjunto de valores, princípios e normas que permite a convivência humana, pelo que não é meramente individual, mas tem uma dimensão social, e é indispensável à vida em comum. Isto torna-se particularmente evidente quando nos deparamos com situações de que ela está ausente. Há, contudo, alguns sinais de que pouco a pouco se vai descobrindo a necessidade de incluir nos cursos o ensino da Ética, o que permite acalentar alguma esperança de que a sua leccionação se vá generalizando, para bem de cada um e da sociedade em geral.

José Henrique Silveira de Brito (Representante da FacFil no Grupo UNIJES)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O que os alunos dizem da obra "A República" de Platão

No contexto da elaboração de um trabalho escrito, no âmbito da Unidade Curricular de Filosofia Antiga, centrado no Livro VII d'A República de Platão, recolhemos as seguintes impressões e opiniões de um grupo de alunos:
> "Se é verdade que muitas pessoas  ainda vivem num mundo que não passa de um teatro de sombras, não querem dar o passo para a Verdade, talvez por medo, talvez por ignorância. (...) O objectivo de Platão não é dizer que a natureza das sombras é triste, mas que ela é escura e triste em comparação com a claridade do mundo das ideias." (João Eduardo M Bastos)
> "O filósofo tem como missão guardar e cuidar dos outros (...); deve fazer com que os outros  tenham uma vida melhor" (Pedro J Antunes)
> "A alegoria [da caverna] também me ajuda no sentido de que o que pensamos saber, deve ser visto com cuidado, (...) devemos ter a capacidade de largarmos os grilhões e irmos ao encontro do desconhecido" (Daniel A Rodrigues)  
> "Para Manuel Velazquez, sair da caverna é procurar encontrar fundamentos que sejam racionalmente justificados" (Lara Marli S Tavares)
> "A educação tem como objectivo tornar os jovens bons líderes, administradores e governantes, homens de Estado e não demagogos; cultivar o amor desinteressado à ciência; transformar o conhecimento em sabedoria prática. Uma missão reformadora.
O principal intuito será mobilizar a consciência para a importância e beleza do mundo inteligível, que é aquele que é real, que retrata as ideias e a essência em oposição ao mundo sensível ao qual muitas vezes somos chamados, o mundo do irreal, das cópias sensíveis e aparentes." (Jorge Miguel F. Rodrigues)
> "Em conclusão, Platão dá-nos uma utopia soberana de um modelo político utópico mas também inspirador em vários aspectos. Sobretudo, no facto de se basear no bem comum e no serviço, e de certo modo inspirou muitas tendências na história. No entanto, o mais importante a meu ver, é a alegoria da caverna onde Platão nos oferece o núcleo do seu pensamento e filosofia. Sem esta metáfora é impossível entender Platão e a sua teoria do mundo sensível e inteligível, que certamente marcou a história da civilização ocidental para sempre." (João Moreira)   
> "Os políticos serão bons políticos se conseguirem ter uma mente aberta ao conhecimento; terão de ser filósofos para executarem as ideias de um homem livre" .(Paulo António M Pereira)
> "Se transpusermos a alegoria [da caverna] para os nossos dias, damos conta que os prisioneiros somos nós, , que vemos e acreditamos apenas e só em imagens criadas pela cultura, conceitos e informações que recebemos." (...) Verdadeiramente só conhecemos a realidade quando nos libertamos dessas influências, quando saímos da caverna." (Francisco Jorge P Costa)   
> "O significado desta alegoria [da caverna] é no sentido de que os homens são, neste mundo, escravos dos seus sentidos , ou seja, na obscuridade do mundo da matéria em perpétuo devir, não apreendem senão sombras ou vagos reflexos. Porém, os modelos destas sombras, a fonte luminosa destes reflexos permanecem a tal ponto desconhecidas para eles, que não suspeitam sequer da sua existência." (Alexandre G Cardoso)
> "Como o filósofo percebe o mundo de maneira diferente, é geralmente considerado louco e que vive na lua, mas na verdade ele é o único que conhece a realidade da existência e das formas perfeitas, segundo Platão." (Ricardo Luís R Martins
> "Através de um diálogo interessante e interpelativo, fomos convidados a conhecer o modo de vida filosófico platónico que, embora se apresente, por vezes, utópico e idealista, nos leva a questionar sobre a verdadeira essência da realidade e da própria natureza humana. Embora idealista, não deixa de ser um ponto de partida interessante para questionar o presente e levantarmos dúvidas que, ao homem, parecem ser eternas". (Isabel Pacheco)
> "O conhecimento é exactamente uma conquista que só se pode fazer com esforço e vontade de espírito de cada um, de forma lenta e gradual até atingir a plenitude, ou seja, o mundo inteligível ou das Ideias, abandonando o mundo sensível." (João Pereira)
> "Platão nega que o plano de estudos seja apenas uma acumulação de conhecimentos da alma. É, antes, uma conversão  ("voltar da alma"), em que a alma dirige a atenção para a elevação até à realidade. [...] Platão defende uma educação mais centrada em métodos de análise do que em factos. O processo de aprendizagem é natural no seu desenvolvimento" (Miguel António S Bacalhau).

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Filosofia para entender o mundo


Todos temos necessidade de pensar para nos compreendermos a nós e ao mundo que nos rodeia, sobretudo nos tempos conturbados em que vivemos. No passado como no presente, é normal as pessoas se interrogarem alguma vez sobre o que é a filosofia, o que é um filósofo, para que serve a filosofia e qual  sua função na história e sobretudo na actualidade.

Sobretudo os mais jovens, congenialmente mais inquiridores, têm a tendência natural para uma atitude filosófica, que precisa de ser estimulada. Nesse sentido, ao longo dos tempos, tem sido publicadas diversas obras de introdução à Filosofia, promovendo o gosto pela Filosofia, desenvolvendo um espírito filosófico e potenciando um pensamento aberto à problematização.  Pensar filosoficamente está ao alcance de todos? Ousa pensar, é o desafio!

É justamente neste contexto que se insere o recente e breve volume colectivo, intitulado Cartas a jóvenes filósofas y filósofos (Madrid, Continta Me Tienes, 2014). Dez pensadores ou filósofos, oriundos de diferentes correntes de pensamento (do francés Jean-Luc Nancy, passando por Miriam Solá e Lucrecia Masson, até ao filósofo da ciência Fernando Broncano e ao fenomenólogo belga Marc Richir, entre outros) dirigem cartas ou lições problematizadoras a destinatários jovens, discípulos imaginários, sobre temáticas bem diversas e actuais.